quarta-feira, junho 02, 2010

Desafio Literário Maio: Sem Clima para o Amor, de Rachel Gibson (Chick-lit)

DESAFIO LITERÁRIO 2010  \MAIO: Chick-Lit
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Sem Clima para o Amor [Amigas Escritoras 2]
Título Original: I’m in no mood for love
Autor: Rachel Gibson
Editora: Jardim dos Livros
Série: Amigas Escritoras- Livro 2/4 |A Série Aqui
Gênero: Romance, Chick-Lit
Sub-Gênero/Assunto: Romance Contemporâneo, Amizade.
Período: EUA. Dias Atuais.
Em "Sem Clima para o Amor", a personagem principal é Clare Wingate, uma escritora bem sucedida, determinada, independente, mas que está sofrendo com a traição do noivo. Para apimentar a trama, um amor antigo, o casamento de uma melhor amiga e a visão de seu noivo em posição comprometedora com o técnico da máquina de lavar. Uma situação sem dúvida hilariante.

No meio de tanta confusão sentimental, Clare decide que não mais se apaixonaria. Será? Não, foi apenas uma decisão, talvez a solução que encontrou para encobrir a deslealdade do noivo. A paixão reacendeu quando encontrou Sebastian Vaughan, o melhor amigo de infância, no casamento de uma colega.

Nesta narrativa, Rachel Gibson faz um convite para você se encantar com uma mulher de personalidade, auto-estima equilibrada e apaixonada pelos prazeres da vida. É preciso saber se Clare Wingate encontra o grande amor - aquele que faz o coração bater - ou decide deixar de amar, se é que é possível.





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Bem, chegamos ao Chick-Lit. Leve e fácil, certo? Em termos, eu diria. Confesso que tenho um pouco de problemas de compreender exatamente o que *é* - para mim, pelo menos- um chick lit. Sempre considerei o chick-lit como sendo a forma literária daquele (adorável!) gênero de filmes chamado comédia romântica. Aliás, comédia romântica em Inglês é Chick Movie...Um exemplo clássico: O Diário de Brigite Jones. Em resumo, no meu ponto de vista, chick-lit é um livro sobre e para (geralmente) mulheres de mais de 25 anos; é um tipo de estória leve e divertida. Sim, muitas vezes, um chick-lit pode tratar de um assunto considerado mais sério mas sempre de forma leve- e o mais importante, há sempre um final feliz (e final feliz em um romance, para mim, é quando o casal fica junto no final, sabe?). Se não existe um final feliz, se é um livro *pesado*, mesmo sendo sobre e/com temática feminina, eu, considero como sendo um Romance Contemporâneo.

Pois então, esta era minha opinião sobre o que era um chick-lit- até eu ler Marian Keyes. Todos diziam que ela era uma espécie de *rainha* da chick-lit. Huh? Achei os livros dela tudo menos leves e divertidos, aliás fiquei mais deprimida depois de ler This Charming Man do que qualquer coisa que o valha. E não é só ela (Marian), acabei notando que muitos livros que são rotulados como *chick-lit* , na minha concepção, são Romances Contemporâneos. Alguns bons, outros nem tantos mas nenhum que eu pudesse definir como *leve e divertido*.

E muitos daqueles que de *certa forma* eu poderia considerar como leve e divertido (i.e, um chick lit de verdade!) a caracterização das mulheres nesses livros é patética. Comecei a ter raiva, juro. Na boa, de onde estas personagens surgem? É como se toda mulher de mais 30 fosse neurótica (não que a gente seja *totalmente* normal, né?)

Pois então, foi com esses pensamentos em mente que comecei a ler Sem Clima para o Amor, da Raquel Gibson. Nunca li nada da autora e o resumo da contra-capa me pareceu bem interessante. O que eu achei? Gostei bastante. Gostei bastante mesmo.

Sem Clima para o Amor *é* o que eu considero como sendo um verdadeiro chick-lit: leve, descompromissado, engraçado- te faz sentir feliz. Obviamente, tem algumas daquelas *coisinhas* do gênero como uma protagonista de trinta e poucos anos querendo mais da vida. Contudo, Clare não é uma neurótica enlouquecida.
Não, ela me pareceu uma pessoa real- sim, ela tem seus * momentos* (mas, honestamente, quem não os tem?) mas nada que a torne ridícula. Sebastian, apesar do nome (desculpem, mas eu ODEIO esse nome) é típico falso machão. Como Clare, ele também tem seus *momentos* mas nada que nos faça pensar: Credo, mulher, parte pra outra!

A estória em si é bem envolvente- um pouco clichê, é claro (mas quem liga?) com a conhecida estória de amigos que se tornam algo mais, e nos faz torcer para que o casal se acerte. Sim, existem algumas *pitadas* de assuntos um pouco mais sérios, mas nada que nos faça ficar deprimidos.

Só apenas um detalhe me chamou a atenção, por muitas vezes a estória – não, não a estória, mas a escrita me lembrou aqueles livrinhos da Harlequin (ou qualquer romance contemporâneo de banca): eu não direi um pé- mas um dedinho resvalando no brega.

Mas quer saber? Pouco me importei.
Adorei o livro, e é isso que importa, não é mesmo?
Trechinho:

Então ele a fitou e lançou seu sorriso mais encantador:

- Querida, eu não sei onde ficam as lojas de equipamentos esportivos da cidade. E, na verdade, não vejo problema em sairmos os dois.

- Não me venha com esse papo de “querida” – que idiotice! Havia lhe dado o benefício da dúvida, se sentindo mal por ter feito um mau julgamento e ali estava ele, no meio da cozinha, tentando fazê-la levar gato por lebre. Cruzou os braços sobre o peito. – Não.

- Não por quê? – deixou as mãos caírem – Mulheres adoram fazer compras.
- Comprar sapatos, não varas de pesca. Dããã! – rosnou por dentro e fechou os olhos. Tinha acabado de dizer “Dããã”? Igual a quando tinha dez anos?

Era óbvio que Sebastian tinha se divertido, e ele riu:

- “Dããã”? E o que vem depois disso vai me chamar de bananão?

Clare respirou fundo e abriu os olhos:

- Adeus, Sebastian – disse, enquanto se dirigia à porta da cozinha. Deteve-se e apontou para a frente da casa. – Está por sua conta.

Sebastian desencostou da bancada e caminhou na direção de Clare. Lento e tranqüilo, como se não tivesse pressa nenhuma em cumprir com as obrigações.

- As suas amigas estão certas, sabe?

Deus do céu! Ele escutou por acaso a conversa sobre “presença”?

Deteve-se ao passar por ela e disse-lhe ao ouvido:

- Talvez você não tenha sido a garotinha mais bonita de sapatos de couro impecáveis, mas acabou ficando uma mulher linda. Principalmente quando está toda atarefada.

O aroma dele era bom, e se ela virasse o rosto só um pouquinho conseguiria enterrar o nariz no pescoço dele. O desejo de fazê-lo a deixou alarmada; manteve-se o mais imóvel que pôde:

- Esquece. Não vou fazer compras no seu lugar.

- Por favor!

- Sem chance.

- E se eu me perder?

- Arranja um mapa.


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Trecho , em inglês, no site da autora: AQUI
Cotação:

4.5/5

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