quinta-feira, junho 16, 2011

A Maldição, de Rachel Lee [Maratona de Banca]

Título Original: Something Deadly
Autor: Rachel Lee
Editora: Harlequin Books
Gênero: Suspense Romântico
Coleção: Grandes Autores 4
Sub-Gênero/Assunto: Romance Contemporâneo, Paranormal, Terror, Sobrenatural, Fantasmas
Período: Contemporâneo. Ilha de San Martin
Poucos diriam que a ilha de San Martin, um verdadeiro retiro para vips, não é um paraíso. Até que a veterinária Markie Cross começa a perceber um comportamento estranho nos animais. Em seguida, pessoas desaparecem e seus corpos são encontrados apresentando traços de mortes incomuns, quase sobrenaturais.

Markie e o legista Declan Quinn começam a pesquisar o passado da ilha, e muitos segredos são revelados.
Agora, Markie e Declan têm de correr contra o tempo para não se tornarem as próximas vítimas de uma terrível maldição.

Um thriller eletrizante, com um final surpreendente, escrito por uma das maiores autoras de suspense da atualidade.




Minha leitura do mês de junho para a Maratona de Banca. O tema era 'Sobrenatural'.  Veja Minha Lista Aqui

A Maldição é um livro diferente. É aquele tipo de livro que não sabemos ao certo como classificar. Em alguns aspectos eu posso dizer que, pessoalmente, adorei a leitura; em outros, a achei um pouco forçada demais.

A autora parte de uma premissa bem interessante, mas senti que ela se perdeu em alguns momentos da estória. É como se ela, a autora, quisesse explorar muitos aspectos em um mesmo livro. Em certo momento, temos um suspense romântico com (fortes) toques de terror, depois nos deparamos com menções a Deus, ao seu amor, sua benevolência.

Além disso, achei que algumas situações se apresentaram rápidas demais. Por exemplo, é dito que Declan e Markie mal se conhecem (aliás, uma das primeiras cenas do livro, é ele se apresentando a ela) mas, à noite, no mesmo dia, ele vai até a casa dela (sem motivo algum!) e ela já está cozinhando para ele ! Como disse anteriormente, tudo se apresentou rápido demais. Eles mal se conheciam e de repente se tratavam como se fossem amigos íntimos. Penso que a autora deveria ter mencionado que os dois já se conheciam e já eram amigos. Tal fato não prejudicaria em nada a estória e traria um pouco mais de ‘realidade’ à relação.

E para ‘fechar o pacote’, ainda tem o ‘aspecto pornô’ do livro. Talvez isso tenha sido o maior senão. O sexo aqui não ‘sexy ou caliente ou amoroso (excetuando-se uma única cena, talvez). Não, o sexo descrito em A Maldição é quase sujo, beirando a pornografia barata. Talvez esse não tenha sido um erro da autora, mas sim da tradução.

Talvez essa seja uma opinião pessoal mas não acho ‘agradável’ ler [tirem as crianças da sala!]: que tal personagem estava chupando o pau dele ou que limpou o pau com uma toalha . Acho que existem outras formas de dizer a mesma cena sem parecer tão chulo.

Pode estar parecendo que eu não gostei do livro. Não. Analisando friamente, eu gostei bastante de A Maldição. É um livro diferente e interessante- apenas tem alguns problemas na execução.


"Ele farejou o ar em rápidas, ligeiras fungadas, esvaziando os pulmões até não poder mais, repetindo o processo várias vezes, focando, deixando sua mente ágil filtrar os já familiares odores e identificar com precisão o novo aroma. Frio. Terra. Mofo. Decomposição. Calafrio. Morte. Mal.

Rosnar.

Um pequeno ruído, o suficiente para afugentar o terrível cheiro de suas narinas, como um alerta ao dono. O rosnado diminuía em seu peito ao mover o quadril e, ainda sem levantar-se, continuou a farejar o ar.

Vá embora!

— O que há de errado, camarada?

A voz do dono, tão confortante, mal alcançou sua mente. Num suave e gracioso movimento, levantou-se e caminhou rapidamente em direção à janela da frente. O dono não estava sentindo o cheiro? Provavelmente, não. O dono e a esposa perdiam tanto do mundo.

As pupilas dilataram-se ao aproximar-se do vidro, além do qual encontrava-se o mundo escuro, cheio dos novos odores da noite. Mas eles não nutriam nenhum interesse em Sombra. Estava lá. Estava exatamente lá fora."


O início é verdadeiramente fantástico. Com certeza, um dos melhores inícios de livros que eu já li. A cena toda é contada sob o ponto de vista de um cão. É uma cena de morte e ao mesmo tempo em que nós, os leitores, não sabemos ao certo, o que aconteceu, sabemos que esse ‘algo’ é assustador.


"Deu uma patada no braço do dono, depois no rosto, cuidadosamente, de maneira que somente os pêlos tocassem sua pele.
Não vá!

Mas o terrível mal não seria detido. Com um horrível e tenebroso grito, rasgou algo bem dentro do corpo do dono. Sombra ouviu o barulho de algo que se rasgava e viu a luz dos olhos do dono ir embora.
Nãaaaao!

Mas o espírito do dono não o escutaria. O mal flutuou por um instante, e partiu, deixando apenas um invólucro frágil no chão. O mal partira saciado, embora Sombra só tivesse uma vaga certeza de sua partida.

O espírito do dono tinha ido embora.

Não haveria mais passeios de manhã para conversar com vizinhos de Sombra.
Não haveria mais as mãos ásperas do dono atrás das orelhas de Sombra, acariciando o pêlo e a pele, que faziam com que a alegria tomasse o coração de Sombra.

Não haveria mais o calçar dos chinelos para ir jantar com a mulher.
Sombra virou o focinho para o céu e uivou para à alma do dono.

Por favor, não me deixe."


O livro começa quando estranhas mortes começam a ocorrer na Ilha de San Martin. O problema é que as mortes não parecem ser ‘normais’: não só os órgãos mas também os ossos das vítimas se liquefazem. Paralelamente as mortes, os animais da ilha começam a agir de forma estranha. É então que o legista local, Declan Quinn, e a veterinária da cidade, Markie Cross, resolvem se unir para solucionar esse mistério. À princípio eles pensam que se trata de alguma arma biológica porém, nada parece ser tão simples. Sem contar que umas das vítimas, antes de morrer, disse ter visto uma sombra, um fantasma... é melhor eu ir parando por aqui, né?

"Fazia muito tempo que ele não sentia aquilo. Talvez nunca tivesse sentido. Isso estava além de um simples encontro de corpos, uma mistura de hormônios, células nervosas transmitindo impulsos elétricos que incitavam uma cascata de endorfina. O processo anatômico que tinha guardado na memória depois de horas e horas de estudo eram, na melhor hipótese, uma fria e pálida descrição do momento. Isso era... espiritual. Isso era... um encontro de almas."

O casal protagonista não compromete (apesar de que as cenas românticas, mesmo não sendo muitas, são delicadas e bem escritas), mas devo dizer que o personagem que mais gostei foi o cão de Markie, Kato. Com certeza, ele é o melhor personagem do livro. Kato é um lobo híbrido, uma mistura de lobo com Husky Siberiano. Boa parte do livro é vista sob o ponto de vista dele- são momentos às vezes cômicos, sentimentais mas também de bastante suspense. A autora brinca com o que podemos ou não saber. A estória toda parece ser formada por pequenas peças de um quebra-cabeça.

"Kato assemelhava-se a seus antepassados na sua aversão a gatos. Pelo menos, simplesmente os desdenhava e não os olhava como parte da cadeia alimentar, como muitos de sua raça faziam. Os gatos, é claro, não eram insultados. Ele os desdenhava como criaturas de uma classe mais baixa."
*

"Humanos eram criaturas estranhas. Pareciam orgulhar-se em negar a si o mais básico dos prazeres, dormir. Kato sabia melhor. Tinha hora para caçar, brincar, para treinar os filhotes, Tudo era importante. Mas dormir... dormir era onde a vida realmente acontecia. Dormir era onde ele podia realmente sentir a essência da vida.
Ele desejava saber se os humanos experimentavam essa integridade durante o sono. Eles certamente não pareciam emergir do sono com a sensação que ele tinha. Talvez tenha sido por isso que Declan não dormira com Markie na noite passada. Talvez os humanos não entendessem ou experimentassem os sonhos. Ou talvez não pudessem compartilhá-lo.

Indiferente a isso, parecia absurdo que Declan e Markie não tivessem dormido juntos. Eles eram um casal. Isso era óbvio, se não para os dois, pelo menos para ele. E casais dormiam juntos. Ele teria de pensar nisso."






Não poderia deixar de mencionar o final eletrizante (tudo bem, não entendi ao certo como Declan chegou ‘àquela’ conclusão mas...enfim! ) . O final muito bem apresentado nos faz esquecer qualquer problema que o livro tivesse até então. É algo chocante e dramático. E é claro, por se tratar de um romance de banca, temos uma certa expectativa à respeito mas...

A Maldição , provavelmente, não é um livro para todos os gostos. Ele se distingue bastante do que comumente vemos nos chamados ‘romances de banca’ mas isto não é algo ruim. Apenas, diferente. A estória tem as suas falhas, com certeza, mas acredito que deva ser lido. Principalmente se você gostar de cachorros e de um bom conto de terror.


*******
A Edição


*Não encontrei erros de grafia ou algo similar, mas, como já havia dito na resenha, não gostei de algumas palavras empregadas pela tradução.

* Não sei se isso foi um erro da tradução ou da própria autora mas em dado momento , Declan cita Nietzche: Quando você olha para o abismo, o abismo vem até você. O problema é que a frase correta é: Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.



Outras Capas:
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EXTRAS
Site da Autora: http://www.conardcounty.com/
Twitter: http://twitter.com/rachel_lee


Cotação:

3.5/5




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