segunda-feira, agosto 01, 2011

Antes Que Eu Vá, de Lauren Oliver


Título Original: Before I fall
Autor: Lauren Oliver
Editora: Intrinseca
Gênero: Jovem Adulto (YA)
Sub-Gênero/Assunto: Romance Contemporâneo, segunda chance, adolescência, amizade, morte, sobrenatural (em certo sentido)
Período: Atual
Em uma noite chuvosa de fevereiro, Sam é morta em um acidente de carro horrível. Mas em vez de se ver em um túnel de luz, ela acorda na sua própria cama, na manhã do mesmo dia. Forçada a viver com os mesmos eventos ela se esforça para alterar o resultado, mas acorda novamente no dia do acidente. O que se segue é a história de uma menina que ao longo dos dias, descobre através de insights desoladores, as conseqüências de cada ação dela. Uma menina que morreu jovem, mas no processo aprende a viver. E que se apaixona um pouco tarde demais.





Honestamente, não sei o que pensar sobre este livro. Por um lado, é sim um livro interessante, mas, por outro, me decepcionou muito.

A premissa é interessante: garota popular, chatinha e malvadinha morre em um acidente de carro, mas tem a oportunidade de reviver várias vezes o seu último dia de vida e assim reavaliar suas atitudes e crenças. Para quem já assistiu (o que eu super recomendo) ao filme Feitiço do Tempo , o tema é conhecido. Aliás, o filme é até comentado no livro. Porém qualquer semelhança com o filme de Bill Murray termina aí. O que o filme tem de humor e espírito alegre, Antes que eu vá é depressivo e ‘incomodativo’.

Aliás, a falta de humor é uma das coisas que me incomodaram na estória. Obviamente, este não é um livro de comédia, mas um pouco de ironia, de humor mesmo sempre ajuda na leitura. Até mesmo em O Diário de Anne Frank, que é um dos livros mais tristes já escritos, tem seus momentos de humor. São pequenas doses que ajudam a aliviar a tensão da estória. Porém, aqui isto não existe. A linguagem é seca, totalmente voltada para o drama, mais especificamente para a vidinha medíocre da protagonista e suas amigas.

E isto me leva a um outro ponto do livro que me desagradou bastante: os personagens. Com exceção de Kent, não senti qualquer empatia com personagem algum. Todos são chatos e superficiais. Penso que autora queria justamente mostrar um grupinho de adolescentes cheio de vontades e superficiais, mas ao menos, ela poderia nos indicar que apesar de tudo, eles eram seres humanos- que atrás daquelas carcaças existia um pingo de humanidade, solidariedade mas não, todos são chatos e por que não dizer desprezíveis. É claro que Sam, a protagonista, tem a função de redenção e ao final nós olhamos para ela com um pouco mais de simpatia- mas mesmo esta ‘redenção’ não é suficiente, a meu ver, para podermos dizer: nossa, que personagem fantástico. É como se diz, Too little, too late (muito pouco, tarde demais).

Porém, o que, para mim, realmente estragou o livro foi o final. O final é meio obvio, mas mesmo assim vou falar sobre isso ‘escondidinho’ . Para ler, basta passar o cursor.

*SPOILER*

Que decepção! Por mais que livro tivesse problemas, eu estava esperando por um final redentor, que me fizesse respirar aliviada ou deixasse algum tipo de mensagem encorajadora. Afinal, durante o livro inteiro temos diante de nós esta mensagem subliminar: não é legal ser ruim, não é legal ser sarcástico e tratar os outros com maldade e indiferença. Porém, ao término da leitura, fica-se com a impressão de que tanto faz.

Obviamente, uma parte de mim não queria que Sam morresse mas eu entendo que ela tinha que morrer- porém, o grande problema é que a morte dela, e tudo o que ela supostamente ‘aprende’ não modifica em nada a vida e a atitude dos outros que a cercam. De certa maneira, Sam melhorou como pessoa (embora, não totalmente, na minha opinião) mas ela é a única pessoa que passa a ter consciência de seus atos. E ela morre. O aprendizado acaba ali. As amiguinhas dela continuam vivas, e inconseqüentes e más. E vivas. Nada realmente muda.

Como eu já havia mencionado anteriormente, a autora durante todo o livro nos passa uma mensagem de como ser um/uma bully é desprezível, é ruim. A mensagem em si é ótima e sempre atual- mas ao final, esta lição de moral cai por terra. Não importa o que digam, a má e bully continua viva e praticando pequenas maldades. A não ser exista uma continuação, toda a idéia de redenção e anti bullying do livro cai por terra.

*SPOILER*

Pode até parecer que eu odiei o livro mas isto não é verdade. Eu diria que o livro me decepcionou. Um dos pontos positivos é o modo como Lauren Oliver escreve. O começo é um pouco parado, mas aos poucos criando ritmo. O livro é escrito em primeira pessoa e o modo como a autora escreve nos faz acreditar que realmente são as palavras de uma adolescente que estamos lendo. A escrita é simples e não caricata e não deixa aquela sensação de que por trás das frases tem um adulto imitando um adolescente.

Outro ponto positivo é o personagem Kent . Como eu já havia dito, ele é melhor personagem. O mais humano. Porém, é um personagem que não cresce (psicologicamente), não muda- como todos os outros (com exceção de Sam), ele continua o mesmo.

Não tem como dizer que ao final da leitura, o leitor não ficará mexido, tocado. Antes que eu vá é um livro que faz pensar e só por isso eu acho que ele vale a conferida.

Para mim, este foi um bom livro mas que me decepcionou profundamente.
Leia e tire as suas próprias conclusões.


OBS: Eu li o livro no original, em inglês.  

Capa Original:


BookTrailer



EXTRAS
Site da Autora: http://www.laurenoliverbooks.com/

Cotação:
2/5

PS: qualquer erro me avise para que eu possa corrigí-lo. ;)

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